1) O Sporting apresenta sempre resultados negativos nos seus relatórios?
Não. Em igual período na época passada a Sporting SAD, beneficiando dos proveitos da venda de jogadores, registou um lucro de 10,57 milhões de euros.
2) Desde o início da época a divida, em especial aos bancos, aumentou de forma grave?
Sim. Neste relatório, a Sporting SAD subiu o seu passivo em mais de 30 milhões de euros no espaço de 3 meses, com um resultado líquido negativo de quase 8 milhões de euros, uma subida de mais de 36% entre salários de jogadores, custos colaboradores e de órgãos sociais.
A divida financeira duplicou de 30 Junho de 2011 para Setembro de 2011 passando de € 42.289.000 para € 81.187.000 (conforme página 39 do relatório). A divida ao Factoring passou de € 5.290.000 para € 25.825.000 no período de 30 Junho de 2011 para Setembro de 2011 e os juros dos empréstimos bancários, obrigacionistas e respectivas comissões duplicaram.
3) As vendas de jogadores no início da época foram de € 7.500.000 conforme anunciado na Comunicação Social?
Não. Na temporada em curso a venda de jogadores apenas totalizou € 1.751.000 resultantes sobretudo das cedências de Djalo, Postiga e Vuckcevic. Na altura das referidas vendas, foram veiculadas pela Comunicação Social e nunca desmentidas pelo Sporting as vendas destes 3 atletas pelos montantes de € 4.500.000, € 1.000.000 e € 2.000.000, respectivamente, o que totalizaria € 7.500.000, que conforme se pode ver neste relatório não se verificou.
Alertamos que o relatório refere a venda de Djalo ao Nice, pelo que os valores apresentados não foram afectados pelo resultado da eventual não venda de Djalo a esse clube francês, não servindo o mesmo de desculpa para perceber que se a venda de Postiga (conforme comunicado a CMVM) foi de € 1.000.000, todos os restantes totalizaram apenas € 751.000 e não os valores que nos fizeram acreditar.
4) Conforme prometido o Sporting deixou de depender de receitas antecipadas na sua gestão financeira?
Não. O Sporting já recebeu mais de 13 milhões de euros de possíveis receitas de futuras vendas de jogadores (não é venda de passes, mas sim receitas futuras de vendas das percentagens de passes que ainda são do Sporting) (pagina 40 do relatório).
O Sporting já recebeu mais de 2,6ME de receitas de bilhetes de época 2012/13. O Sporting já recebeu mais de 22 milhões de euros de facturas antecipadas referentes a prestações de serviços e proveitos com cedência de direitos económicos de jogadores (pagina 42 do relatório).
5) O Sporting, Benfica e Porto estão iguais em termos financeiros?
Não. Se verificarmos as regras do Fair Play Financeiro imposto pela UEFA, que vai ser aplicado no início da época 2013-14, o Sporting seria das 3 equipas a única a sofrer uma penalização pela UEFA.
O quadro de sanções ainda não está definido mas poderá vir a ser de multas a exclusão. O conceito principal do Fair Play Financeiro é a obrigação de os clubes não poderem ter despesas superiores às receitas no conjunto das três últimas épocas, ou seja, que os clubes gastem apenas o que têm ou podem vir a ter.
Actualmente se os critérios do Fair Play Financeiro já estivessem em vigor, o FC Porto, que apresentou lucros nos últimos 5 anos cumpriria os critérios. O Benfica que teve prejuízos superiores a 28 milhões de euros estaria sob vigilância, e o Sporting, que acumulou prejuízos de 72 milhões de euros nas duas temporadas passadas, estaria sujeito às punições.
6) O investimento realizado em jogadores esta época é a principal causa do prejuízo verificado neste trimestre e da preocupação que os Sportinguistas têm que ter no futuro do Clube?
O investimento realizado em jogadores esta época ascendeu a € 34.781.000 com cerca de € 11.000.000 (dados constantes nas páginas 40 e 41 do relatório) a serem respeitantes a comissões (cerca de 70%) e prémios de assinatura (cerca de 30%).
É lógico que este investimento tem peso no prejuízo apresentado no trimestre.
Mas a grande preocupação é que não só não conseguimos providenciar receitas correntes para fazer face ao investimento ou pelo menos a parte dele, como apesar de já termos vendido a maioria das percentagens de passes de quase todos os jogadores, ainda se deve a 30 Setembro de 2011, € 34.440.000 desse investimento realizado (ver mapa em anexo).
Assim percebemos que a alienação de percentagens maioritárias dos passes (que irão continuar a suceder conforme afirmado no relatório na página 31) apenas serviu para pagamento de salários e despesas bancárias, sendo que qualquer empresa que vive de receitas antecipadas e da venda do seu activo para financiar despesas correntes está a um passo muito curto de passar de falência técnica para falência.
7) As percentagens dos passes que têm sido vendidas ao fundo do BES (Sporting Portugal Fund/Fundo ESAF) e ao fundo do Peter Kenyon/Jorge Mendes (Quality Footballlreland limitted) têm dado dinheiro a ganhar ao Sporting?
Não. As percentagens dos passes estão a ser vendidas ao preço de compra ou abaixo, como no caso do Elias.
Assim, o Sporting está a ficar com percentagens muito pequenas desses passes. Quem vai ganhar dinheiro é o BES e os empresários e corremos o risco na altura real da venda, que a parte que fica para o Sporting não vá cobrir o investimento realizado em termos de compra/salários/prémios/comissões e juros bancários.
O Sporting vai conseguir continuar a pagar os salários dos seus jogadores, órgãos sociais e colaboradores?
Ao ritmo a que o Sporting está a vender as percentagens detidas dos passes, não terá dinheiro para pagar salários até ao fim da época e não tem outras receitas para fazer face aos mesmos.
9) Vamos continuar a fazer reestruturações financeiras que retirem cada vez mais o papel dos sócios no Clube e o último património do Sporting Clube de Portugal?
Infelizmente, tudo parece levar a crer, pois este cenário de falência técnica associado ao crescente aumento do passivo nesta época desportiva, levou ao anúncio nos media, por parte de Nobre Guedes (Diário Económico) de existir vontade de fazer uma nova reestruturação financeira e de capital no primeiro trimestre de 2012.
A última realizada foi entre Dezembro de 2010 e Janeiro de 2011 que se consubstanciou numa redução de capital social seguida de um aumento onde o Sporting CP + Sporting SGPS (detida a 100% pelo Sporting Clube de Portugal) ficaram detentores de cerca de 89% das acções da Sporting SAD.
Mas a esta operação seguiu-se a emissão de € 55.000.000 de Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis em acções da sociedade (VMOC) com prazo máximo de 5 anos, mas podendo ser convertida ao fim de 2 anos, ou seja 2013.
Desta subscrição apenas 0,3% foi subscrito pelo público em geral ficando os bancos que acompanharam esta operação com os restantes 99,7% repartidas 50% BES e 50% Millenium BCP.
No final da operação quando existir a reversão, o Sporting CP + Sporting SGPS passarão a deter apenas 37% de acções da Sporting SAD, caso não efectue, na altura, um aumento de capital ou exerça o seu direito de compra, o que se verifica muito difícil perante o agravamento continuo da divida.
Assim, se a estratégia que é previsível se mantiver e ocorrer um aumento de capital, não se prevendo a capacidade financeira de o Sporting o subscrever, o que vai acontecer é que os 89% que detemos actualmente na SAD vão diminuir. Isto significará que após a reversão das VMOCs, o Sporting além de perder a maioria da SAD, ficará com menos do que os 37% que já derivavam dessa operação.
Mais ainda. Parece que o Estádio, direito de superfície do Estádio e o naming do Estádio também estarão a ser preparados para deixar de estar sob o controlo do Sporting Clube de Portugal, mas de servirem de moeda de troca para tentar, durante apenas um curto período de tempo, resolver pontualmente esta politica financeira que tem sido levada a cabo esta época e que levou o Sporting de uma situação de falência técnica para uma situação eminente de falência.
Partilhei convosco este documento que circula pela Internet em fóruns leoninos, e que também está a ser enviado por e-mail a muitos Sportinguistas.
Nele vem referido, a propósito do último Relatório e Contas, o estado caótico a que o Sporting chegou, e também demonstra a sua gestão ruinosa, onde o estes têm governado o nosso clube.
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